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Atentados ao vernáculo

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Por Milton Ferretti Jung

 

As coisas e loisas, citadas por mim no blog da passada quinta-feira, foram apenas parte das que me deixaram irritado ou,se preferirem,rabugento. Uma delas – os vândalos do Black Bloc – embora esses sujeitos mascarados não tenham cometido novas estrepolias depois das muitas que o Brasil ultimamente testemunhou,ainda dá o que falar. Minha amiga Rosane de Oliveira,articulista do jornal gaúcho Zero Hora,no qual escreve a Página 10,lembrou que o ministro da Justiça,José Eduardo Cardoso,somente agora,se convenceu que se faz necessária ação da Polícia Federal,em conjunto com os governos estaduais,para que a paz retorne às cidades que sofreram com ações vandálicas desses biltres que torpedearam as boas intenções dos jovens manifestantes. Pelo jeito,a Rosane tem sérias dúvidas a propósito do que será feito “por quem de direito”,pois colocou este título na sua coluna: “Reação tardia e de eficácia duvidosa.

 

Mas deixa para lá,por enquanto,porque vou digitar coisas e loisas menos agressivas que a ação do Black Bloc. Ando impressionado com os modismos da mídia. Volta e meia,deparo-me,seja lendo o Correspondente que apresento na Rádio Guaíba,seja nos jornais,expressões que não sei de onde saem e que,de repente,tomam conta dos meios de comunicação. Vou lembrar algumas:”por conta”. Ninguém mais diz ou escreve “por força,em consequência,em razão. Acho que foram os fisicultores ou algum técnico de futebol que apareceram com a palavra intenso,intensa. Tudo é intenso,um jogo,a participação de um jogador em alguma partida etc. Se alguém se lembrar de outras palavras ou expressões que tomaram conta do nosso “novo falar”,pode registrar nos comentários deste post.

 

Pior do que os citados modismos e muito outros que não recordei,estão os atentados ao vernáculo,cometidos por narradores,comentaristas e repórteres. A grande maioria resolveu abolir a partícula apassivadora ou “se”. Por exemplo: o jogo iniciou. Errado: o jogo SE iniciou. Outra besteira: o jogador fulano machucou. Errado:o jogador fulano SE machucou. Outro erro comum especialmente nas narrações de futebol é chamar de arbitragem o trabalho do juiz. É comum se ouvir,por exemplo, que a arbitragem marcou pênalti. Quem marca faltas,mostra cartões amarelos e vermelhos etc. é o árbitro,somente ele. Os outros cinco são auxiliares. Também não é certo dizer que um técnico ou jogador reclamou “com o árbitro”. Todos os verbos têm suas regências. A do verbo reclamar,é DO e não COM. Assim,reclama-se do árbitro. Jargão não é erro,mas muitos usados por narradores são detestáveis. Chega,pelo menos,de chamar o juiz de juizão,o goleiro,de goleirão e assim por diante. Quando ouço isso,sinto vontade de chamar o narrador de bobalhão.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)


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